sexta-feira, 26 de junho de 2015

Citação do dia! #4

"Um parvo em pé vai mais longe que um intelectual sentado."
in "Livro de Crónicas", António Lobo Antunes, 01.09.1942 / ...


É por estas e por outras que precisamos de mais intelectuais de pé e, pelo menos, a mesma quantidade de parvos sentados senão deitados. (by dha)

terça-feira, 23 de junho de 2015

Música do dia! "A Correr" #3

O fado está na moda e há modas que são manifestamente saudáveis. Considero que esta é uma delas. E vou tomar a liberdade de "usar" este espaço para o divulgar porque apesar de ser de uma "colheita" relativamente recente - 1984 - e de por isso não ter mais que uma trintena (ao contrário da expressão francesa que é muito utilizada, esta nossa portuguesa não o é mas de qualquer modo existe e está correcta) de anos, o fado conseguiu cativar-me e por isso, segundo o Principezinho, é agora responsável por mim! Grande responsabilidade!!



CAMANÉ - A CORRER

"Corre a gente decidida
Pra ter a vida que quer
Sem repararmos que a vida
Passa por nós a correr
Às vezes até esquecemos
Nessa louca correria
Porque motivo corremos
E para onde se corria
Buscando novos sabores
Corre-se atrás de petiscos
Quem corre atrás de valores
Corre sempre grandes riscos
E dá para ser escorraçado
Correr de forma diferente
Há quem seja acorrentado
Por correr contra a corrente
Num constante corropio
Já nem sequer nos ocorre
Que a correr até o rio
Chegando ao mar também morre
Vou atrás do prejuízo
Vou à frente da ameaça
Morremos sem ser preciso
E a Correr, a vida passa
Percurrendo o seu caminho
Correndo atrás do sentido
há quem dance o corridinho
Eu canto o fado corrido
E o que me ocorre agora
Para não correr qualquer perigo
É correr daqui para fora
Antes que corram comigo
Vou correr daqui pra fora
Antes que corram comigo"


Música: Inédito de Alain Oulman  
Álbum: "Infinito Presente" (2015)
Letra: Manuela de Freitas
Voz: Camané
Acompanhamento: José Manuel Neto (guitarra portuguesa), Carlos Manuel Proença (viola) e Carlos Bica (contrabaixo)

Daniel Henriques escreve de acordo com a antiga ortografia

Citação do dia! #3

"The best way to find out if you can trust somebody is to trust them."
Ernest Hemingway, 21.07.1899 / 02.07.1961



Depois disto o resultado só pode ser 1 de 2:

1. Ou descobrimos que NÃO podemos confiar;
2. Ou descobrimos que podemos confiar.

Parece simples e na realidade é mesmo assim! Em todo o caso, da minha experiência, a  desilusão da primeira opção é largamente compensada pela satisfação da segunda. Há dias tive a satisfação da segunda e por isso vou continuar a descobrir se é ou não possível confiar, confiando...

Boa semana mundo... meu mundo!

Daniel Henriques escreve de acordo com a antiga ortografia

sábado, 13 de junho de 2015

Reflexão do dia! "Afinal, queremos Homens ou queremos ratos?" #2

Imaginem que vivem e trabalham em Portugal. 
A seguir pensem que são colaboradores de uma instituição pública. 
Agora partam do princípio que são pessoas íntegras, honestas, profissionais e briosas. 
Embora mais difícil acreditem que além disso são dotados de espírito crítico e que querem construir algo positivo, que têm dentro de vós um cidadão inquieto e activo, no fundo, um principezinho (de Saint-Exupéry) mas em ponto grande (em tamanho e em maturidade, embora não tanto!).

Será errado que sejam sinceros e frontais no vosso trabalho, que apresentem as vossas ideias e opiniões de forma clara e transparente? É pecado não estar de acordo mesmo que de forma respeitosa? É ultraje "acenar" com uma terceira via fundamentada sobretudo se o gesto for destemido? Não há espaço em Portugal, não há espaço nas instituições públicas portuguesas para demonstrar que o unanimismo bacoco e artificial que, (na generalidade) se vive, é isso mesmo, bacoco e artificial? É mesmo necessário que a "confiança política" (no sentido de lealdade acéfala, carneirista e bajuladora) seja o maior, senão o único, critério de progressão na carreira (quando existe carreira)? E mesmo que assim seja, será mesmo necessário "perseguir" "desalinhados"? Custa muito viver com a diferença? Causa assim tanta "mossa" a diversidade? Afinal, queremos Homens ou queremos ratos?

Hoje em dia o lápis azul mudou de cor, usa o espectro do arco-íris se for preciso para se camuflar numa tentativa de alcançar os fins para os quais foi criado sem que para isso se descubra que ele está lá. Mas está. E proeza das proezas, socorre-se até dos instrumentos do estado de direito para condicionar e no limite até calar! Este é um lápis especial que zela continuamente pela protecção dos animais mas não todos, apenas os ratos.

É difícil resistir, chega a ser penoso até porque a união faz a força e a união dos ratos parece à prova de bala. É sempre muito mais difícil juntar Homens que juntar ratos mas os exemplos de coragem, determinação e resiliência costumam ter um "efeito contágio" que permite afastar os ratos por algum tempo para que possamos respirar, endurecer as costas (que a próxima pancada não tarda), firmar os pés no chão (que antes partir que vergar) e deixar a cabeça sonhar que um dia será diferente. Até lá é preciso ir à luta e ganhar as batalhas que se nos impõem. Ganhar uma batalha destas é o melhor presente de aniversário. Não pela situação em si mesma mas simplesmente porque permite pensar que ainda há esperança e isso é um presente de valor inigualável

Se algum dia vos tentarem perseguir por "delito de opinião", se alguma vez alguém pedir a um tribunal que vos pergunte apenas "Porquê?", "O que se passou?", "Porque fizeste ou não fizeste?" substituindo assim uma conversa franca, frontal e adulta, tende a certeza que estais perante um rato e crescei, erguei-vos sem medo mas também sem ingenuidade. Lutai com todas as "armas" que tiverdes ao vosso alcance e não vos deixeis "cair nas armadilhas". E já agora, reconhecei nessa batalha os Homens como vós (que os há também). Eles precisam de saber que não estão sozinhos e que há mais alguém que se recusa a baixar os braços. Confio em vós. Até ver, ASSUNTO ARQUIVADO!



Nota de rodapé 1 - Isto é um post abstracto, qualquer semelhança com a realidade é pura coincidência.
Nota de rodapé 2 - Todos os direitos de utilização deste post estão reservados. Qualquer utilização abusiva deste post por parte de terceiros não será permitida!

Bom fim de semana. 
Coragem mundo... meu mundo! 


Daniel Henriques escreve de acordo com a antiga ortografia

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Música do dia! "O Amor a Portugal" #2

A Dulce Pontes dizia ontem no Facebook que estava verdadeiramente emocionada com este vídeo e lançou a terminar um "Viva Portugal"! 
A Marinha Portuguesa da qual faz parte a Banda da Armada desejava ontem um bom feriado também com este vídeo.

Eu, deixei passar o feriado para o partilhar. Espero que gostem e se questionem se afinal falta cumprir o Amor a Portugal...



DULCE PONTES - O AMOR A PORTUGAL

"O dia há-de nascer
Rasgar a escuridão
Fazer o sonho amanhecer
Ao som da canção
E então, o amor há-de vencer
E a alma libertar
Mil fogos ardem sem se ver
Na luz do nosso olhar

Um dia há-de se ouvir
O cântico final
Porque afinal falta cumprir
O amor em Portugal"


Música: Amor a Portugal 
Álbum: "Focus" (2003)
Letra: (Once Upon a Time In The West, 1969) E. Morricone / Dulce Pontes / Carlos Vargas
Voz: Dulce Pontes
Acompanhamento: Banda da Armada
Vídeo: Gravação, montagem e edição de Nuno Rodrigues com imagens cedidas pelo Teatro Municipal de Bragança e Marinha de Guerra Portuguesa

Daniel Henriques escreve de acordo com a antiga ortografia

Citação do dia! #2

"Acham eles que passando nós fome nas nossas terras nos devíamos sujeitar a tudo, mas aí é que se enganam, que a nossa fome é uma fome limpa, e os cardos que temos de ripar, ripam-nos as nossas mãos, que mesmo quando estão sujas, limpas são, não há mãos mais limpas do que as nossas, é a primeira coisa que aprendemos quando entramos no quartel, não faz parte da instrução de arma, mas adivinha-se, e um homem pode escolher entre a fome inteira e a vergonha de comer o que nos dão, quando também é certo que a mim me vieram chamar a Monte Lavre para servir a pátria, dizem eles, mas servir a pátria não sei o que seja, se a pátria é minha mãe e é meu pai, dizem também, de meus verdadeiros pais sei eu, e todos sabem dos seus, que tiraram à boca para não faltar à nossa, e então a pátria deverá tirar à sua própria boca para não faltar à minha, e se eu tiver de comer cardos, coma-os a pátria comigo, ou então uns são filhos da pátria e os outros são filhos da puta."
in "Levantado do Chão", José Saramago, 16.11.1922 / 18.11.2010

Fonte da Imagem: AQUI
No rescaldo de um feriado 10 de Junho, dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, vale a pena pensar nisto... 


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terça-feira, 9 de junho de 2015

Música do dia! "Casa no Campo" #1

Descobri esta preciosidade da música portuguesa há pouco tempo e vale a pena dispensar uns minutos para saber um pouco mais sobre a CAPICUA, sobre Ana Matos Fernandes. Adivinho-lhe grande sucesso e reservo-lhe posts futuros.

Hoje fica esta música para abrir o apetite. 

CASA NO CAMPO

Fabulosa letra "encaixada" numa sonoridade peculiar dum hip hop que eu diria "gostoso"! Desculpem mas não encontro uma palavra tão adequada quanto esta, tão característica do Português do Brasil!

É mesmo uma delícia uma casa no campo com a porta sempre aberta, ter a minha cama grande, um pedaço de terra, longe da selva do cimento, uma horta do outro lado da porta. Cozinhar para quem quer comer, comer como sei viver, estender a roupa, faço pouco das bocas que dizem para crescer... 

Só não aprendi o que é o Infinito na contracapa de um livro da Anita. O resto está quase completo. Desfrutem, este é o momento de prazer do dia.





CAPICUA - CASA NO CAMPO

"Quero uma casa no campo como Elis Regina,
plantar os discos, os livros e quem sabe uma menina,
por mim até podem ser mais, um amor como os meus pais, 
os dias como os demais, sem serem todos iguais.
Casa no campo com a porta sempre aberta
deixar entrar amigos, partir à descoberta
ter a minha cama grande, a colcha predilecta
e um cão desobediente em cima da coberta.
Quero uma casa completa, um pedaço de terra,
e com o espaço quero o tempo para adormecer na relva, 
longe da selva de cimento, eu acrescento
que quero cultivar mais do que mero conhecimento.
Quero uma horta do outro lado da porta
e quero a sorte de estar pronta quando a morte me colher. 
Quero uma porta do outro lado da morte,
ter porte de mulher forte quando a vida me escolher. 
Quero uma casa no campo que cheire a flores e frutos,
a gomas e sugus, a doces e sumos,
cozinhar para quem quer comer, comer como sei viver,
com apetite já disse que não quero emagrecer.
Comer de colher sopa, fazer pão, estender a roupa,
faço pouco das bocas que dizem para crescer,
eu quero rasgar janelas nas paredes cujas pedras 
carregar com as mãos que uso para escrever.
Casa no campo com lareira e fogo brando,
que ilumine todo o ano, o sorriso de quem amo,
quero uma casa no campo que pode ser na cidade,
mas tem de ser de verdade, mesmo não tendo morada...

Onde é que aprendeste o que é o infinito? 
Foi na contracapa de um livro da Anita. 
Diz-me qual é o teu perfume favorito... 
Pão quente, terra molhada e manjerico!

Anda viver comigo, colamos o nosso umbigo
e não passaremos frio, no nosso lugar estranho...
Um filho, um livro, um disco, uma árvore."


Música: Casa no Campo (Versão Acústica com Mistah Isaac)
Álbum: "Sereia Louca" (Norte Sul, 2014)
Letra e Voz: Capicua
Guitarra, Voz de Apoio e Beatbox: Mistah Isaac
Video: Dário Cannatà


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domingo, 7 de junho de 2015

Reflexão do dia! "Grande 31" #1

Hoje faço 31 anos e 3 dias e por isso estou de parabéns. 
Consegui.
E 31 anos e 3 dias são um "grande 31". 
Que bela expressão portuguesa: "grande 31"!  Só mesmo NÓS para reinventarmos a nossa própria Língua e criarmos uma expressão fabulosa apenas com uma palavra seguida de um número; expressão essa que usamos para descrever situações tão diferentes como:
  • Chegar atrasado logo no nosso primeiro dia de trabalho;
  • Partir uma perna 4 dias antes do nosso casamento;
  • Descobrir que a nossa mulher está grávida mas que o rebento não é nosso filho;
  • Saber que o Jorge Jesus deixa de ser treinador do Benfica para treinar o Sporting (e que por isso continuará a dar conferências de imprensa em "pretoguês").
Este ano decidi retirar a informação sobre a data de aniversário do Facebook e foi tudo a subtrair (nem tudo por causa disso obviamente)! Foram menos (muito menos!!) mensagens de parabéns e consecutivamente menos respostas de agradecimento, menos tempo na Internet e menos gente ocupada com algo que não tem que ter dia certo, afinal, hoje também é um bom dia de aniversário, dia mãe, do cão e do caracol (que está mais na moda que nunca)! Deixo a sugestão: experimentem fazer o mesmo um ano e passarão a dar mais valor às velhas agendas de papel, lembretes manuais no telemóvel ou mesmo a nossa incrível memória. E mesmo que nenhum destes antiquados "gadgets" vos ajude a substituir facilmente o Facebook, não esqueçam que qualquer dia é um bom dia para felicitarmos aqueles de quem gostamos, que apreciamos, que algum dia partilharam connosco um momento feliz. 

Quanto a mim, ando "de roda no ar" desde 1984...

Não há dúvida que somos um país único, feito de pessoas fantásticas e expressões fabulosas. E esta é uma delas: "Grande 31"! 

Boa semana. 
Coragem mundo... meu mundo! 


Daniel Henriques escreve de acordo com a antiga ortografia

Citação do dia! #1

"É bom escrever porque reúne as duas preciosidades: falar sozinho e falar a uma multidão." - versão traduzida

"È bello screvere perché riunisce le due gioie: parlare da solo e parlare a una folla." - versão original

Cesare Pavese, 09.09.1908 / 26.08.1950



Passei para agradecer as palavras de incentivo de quem, até agora, manifestou o entusiasmo com este blog. Tivesse sido só uma pessoa e já seria bom, tendo sido mais é tremendo. Eu próprio já me felicitei porque escrever é também falar sozinho e ao contrário do que se diz, falar sozinho não é coisa de tolinhos. Talvez seja precisamente o contrário. Muitas vezes faz com que digamos "parvoíces" apenas a nós próprios e poupemos uma multidão de as ouvir! 

Bom Domingo. 


Daniel Henriques escreve de acordo com a antiga ortografia

sábado, 6 de junho de 2015

O meu blog


"Nós somos o que fazemos. O que não se faz não existe. Portanto, só existimos nos dias em que fazemos. Nos dias em que não fazemos apenas duramos."

No século XVII o nosso conhecido Padre António Vieira dizia sabiamente o que acima transcrevi.
Concordo.
Hoje decidi fazer este blog. Na verdade, já decidi há vários dias mas hoje é o dia em que o estou a "fazer". Planeei "fazê-lo" num dia que me fosse especial e apontei como datas possíveis o 1º de Junho e o 4 do mesmo mês. Não consegui concretizar; diria que houve as tais pessoas que valem a pena e ocupações que libertam, daquelas que nos lembram quem somos, de onde vimos e para onde vamos, que me "preencheram" nesses dois dias. Concluí que não é grave, nem sequer importante, eu nem sou muito fixado em datas.
Como se lê na descrição do blog, este é um blog pessoal, diria até que personalizado mas é também um espaço de partilha, caso contrário poderia ser um diário, um caderno de apontamentos, um livro de recordações mas nunca poderia ser um blog. Espero que a sua leitura faça algum sentido (dir-me-ão nos comentários). A sua escrita estou certo que faz.
O nome do blog é estranho, pelo menos à primeira vista, mas a verdade é que não encontrei melhor. O momento é crítico de vários pontos de vista. O sentimento generalizado que se vive no país, nas pessoas que fazem este país, parece-me uma mistura de tristeza, desânimo e mais que tudo desesperança. Faz falta inverter o sentido das notícias mas sobretudo inverter o sentido dos factos que são alvo de notícia. Não me resigno ao estereótipo do "tuga" ora preguiçoso, ora gastador, ora ignorante... Portugal não é isso. Portugal somos NÓS e também sou EU.
Espero que este espaço possa ser veículo de difusão de pessoas, de ideias e de produtos do Portugal dos meus olhos. Será certamente um Portugal de qualidade e de esperança, com defeitos como todas as belas imperfeições!!
    

Daniel Henriques escreve de acordo com a antiga ortografia